Paulinho da Viola aproximou-se da cultura do samba carioca na juventude, depois de conhecer o choro. Suas idas à casa da tia em Vila-Valqueire, subúrbio da cidade, o levou a brincar o carnaval de rua, aproximar-se da Portela e conhecer de perto a forma mais autêntica da manifestação deste estilo.

Segundo Sérgio Cabral no livro “As escolas de samba do Rio de Janeiro”, o termo samba foi registrado pela primeira vez numa publicação de 12 de novembro de 1842, na revista pernambucana Carapuceiro, exatamente 100 anos antes do nascimento daquele que fez do samba a sua principal forma de expressão. Paulinho da Viola nasceu no mesmo dia de 1942.

O samba surgiu no Brasil a partir da união da música trazida por escravos africanos com a música que veio com os imigrantes europeus. Diversos grupos culturais em várias regiões brasileiras já responderam por sua autoria, mas em cada lugar do país essa manifestação ocorre de forma diferente, sendo que na Bahia e no Rio de Janeiro encontramos as duas formas mais conhecidas.

O termo samba é aplicado de forma muito abrangente desde o século XIX. Determina vários estilos sincopados. O que vamos tratar aqui é mais precisamente do samba carioca, aquele que surgiu nos morros do Rio de Janeiro no século retrasado.
Não é fácil definir o samba, mas vale a pena conhecer as características próprias deste estilo. O principal elemento rítmico deste elemento musical é a síncope. Esta divisão rítmica, comum aos ritmos africanos, encontrou no Brasil um campo fértil para a sua utilização. Nenhuma outra cultura absorveu a síncope como a brasileira. Se o jazz descobriu e encorporou o swing, o samba já nasceu sincopado.

Não é possível descrever exatamente como se formou a cultura do samba carioca, que ocorreu nas escolas de samba durante a sua formação, qual era exatamente o significado de um gesto, de um sapato, de um paletó. Sabemos muito, mas não o suficiente para esgotar este universo. Os sambistas que antecederam Paulinho da Viola viveram sua cultura sem se preocupar em contar essa história. A arte do samba não persegue admiradores, simplesmente acontece.

Desde o seu início, o samba foi diretamente associado às festas africanas. Com o tempo, samba e carnaval foram crescendo juntos, tornando-se pilares da cultura popular e urbana do Brasil.

Para nós, que perdemos o momento, há um presente vagando a nossa volta. Algo deixado por aqueles outros sambistas para que tudo não se perdesse nas exigências dos novos tempos, mas que os abraçasse e desse uma nova cara a essa essência brasileira. Não é por menos que o resultado foi o samba de Paulinho da Viola.