Experimentar a música de Paulinho da Viola é encontrar um elo que alguns julgavam perdido. Fruto de encontros e fusões, sua obra origina-se a partir de um evento incomum : a interação de dois fenômenos culturais vistos como antagônicos. A estética e sofisticação da classe média da zona sul do Rio de Janeiro dos anos 50 e 60 encontram-se com a vibração dos subúrbios cariocas, resultando numa nova forma que atravessa o tempo sem alterar sua essência e abraçando a modernidade. Sua obra nos envolve de imediato com a habilidade de fazer desaparecer a preocupação cronológica dos acontecimentos. Nela, não há início, meio e fim. Há uma essência definida pelo encontro de sons que se casam harmoniosamente criando forma e conteúdo únicos.

Paulinho compõe nas formas de sambas, choros e experimentações. O samba é a forma principal, maternal do artista. O choro é a forma herdada do pai, um sofisticado estilo instrumental, quase erudito. A experimentação surgiu para atender ao desejo de dar vazão a um sentimento de busca por novas formas, traço comum do artista.